sábado, 10 de setembro de 2011

Et voilá


Não querendo fazer deste espaço um diário, porque não é disso que se trata, vou-me limitar a contar algumas histórias engraçadas.
Perdidos na imensidão da burocracia bruxelense na busca do instituto para nos inscrevermos no centro de emprego, tivemos a sorte de conhecer um "conselleir d´emploi" português.
Jovem, de trinta e poucos anos, que havia partido de Portugal faz três anos em busca do seu próprio destino. Para quem não sabe, mas certamente vai descobrir se nos visitar, Bruxelas tem tudo menos belgas, sendo que os locais já são considerados seres em extinção. Voltando ao nosso amigo, que é esse o verdadeiro motivo que me levou a interromper o meu sábado para partilhar convosco algumas das pérolas de viver no estrangeiro, trabalhava em recursos humanos e agora é conselheiro de emprego.
No momento em que o conhecemos e depois lhe dizermos quais eram as nossas habilitações e profissões - em Portugal, claro está -, rápido percebi que algo de estranho se passava. Não era o facto de ele sugerir que o nosso CV era enfadonho por não ter flores ou gráficos – porque acreditem: ele sugeriu!! - não era o facto de insistir que mandássemos o CV para empresas que contratavam help desk - nome pomposo para call center -, não era o facto de dizer que a Bélgica estava muito evoluída e que nós tínhamos de aprender a adaptar os nossos CVs à moderna e vanguardista realidade belga.......o que era?????....                Et voilá!!!
 Percebi!!!!! o nosso amigo saído de Portugal faz 3 anos - não trinta - terminava toda e qualquer  frase com "et voilá". Não satisfeito com a nobre proeza de em três ter anexado tão bonita expressão ao seu vocabulário, já não conseguia manter uma conversa em português sem introduzir pequenas palavras ou até mesmo, para nossa sorte, expressões em francês.
Et voilá….espero que tenham gostado da história que teve tanto de engraçada como de desagradável  por ver alguém português a desaprender a língua materna em tão pouco tempo de convívio em Bruxelas.
 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A mudança para Bruxelas e a nossa nova casa

Tudo começou na chegada ao aeroporto. O avião não parava, as malas não chegavam...onde está o metro? O sentido de orientação da Mariana é tão bom como o meu, que nunca tinha estado no aeroporto, pelo que andamos por lá perdidos. Passada uma boa hora e meia, estávamos prontos para apanhar o comboio rumo à terra prometida: Bruxelas.

Passada uma hora, depois de uma viagem de taxi em que só GPS sabia o caminho, estávamos à porta de casa. De malas no chão e sem certeza se estaríamos no lugar/casa certo, eis que saiu o senhorio da porta. Sem sabermos quem era, e porque a timidez nunca foi um dos nossos defeitos, prontamente lhe perguntámos se esta seria a "Nossa Casa". Esclarecidos do local, entrámos e demos de caras com uma entrada pequena, necessitada de uma urgente e implacável limpeza, logo seguida de uma escadaria infindável. Rápido, e à medida que iamos caminhando, percebemos que a "Nossa Casa" seria no mais alto dos sítios ... o 5.º andar.  Tudo isto parece agradável ou talvez não? Mas o pior estava para vir..... a visita à cozinha. Nunca vi e espero nunca mais voltar a ver algo. Pratos, tachos, talheres, pó, comida, moscas e ainda alguns enfartados mosquitos, tudo a coabitar num espaço pequeno e imundo a que o senhorio apelidou de cozinha. Prontamente, entrámos em pânico e na esperança de que tudo se iria resolver no próximo dia, saímos, assustados e com vontade de mudar imediatamente de casa, para comer um kebab.
Alimentados, voltámos a casa e começámos a tarefa quase herculiana de carregarmos as nossas malas pelas centenas de escadas até ao nosso quarto.
Chegados ao quarto, restar-me-à contar que é simpático, de tecto baixo - característico de um sótão-, mas dotado de espaço suficiente para um jovem casal coabitar de forma alegre. Ah.....e claro espaço não falta para visitas.
Um abraço
a quem quiser ler
e beijo a quem me vai aturando nestas condições